Entrevista dada por Sérgio
Haberfeld, presidente da Abre (Associação Brasileira de Embalagem);
ULADE – Unión Latinoamericana del Embalaje; World Packing Organization,
e vice-presidente da Abief – Associação Brasileira de Embalagens
Flexíveis
Quais os maiores desafios do empresário
do setor de embalagem ?
O custo é notório. Por outro lado, para
se obter o acesso à tecnologia é preciso aliar-se a alguma
empresa internacional. A melhor forma encontrada pelas empresas estrangeiras
é a participação acionária. Para que isto ocorra,
a empresa brasileira deve estar bem estruturada, com os impostos em dia,
e legalizada; o que é impossível para as pequenas e médias,
devido a recessão e as altas taxas impostas no país.
Outro problema: atualização da mão
de obra. A entrada tardia da informática no Brasil em 1990 foi algo
assustador. A reserva de mercado deixou o Brasil pelo menos 10 anos atrás
de outros países. Há que considerar-se os altos custos dos
softwares, numa época de alta competitividade e globalização.
As empresas que migraram para as regiões
norte e nordeste encontraram uma mão-de-obra bem menos preparada em
comparação ao sul e sudeste. Esse treinamento não saiu
caro ?
Alguns estados do sul e da região nordeste
oferecem grandes vantagens fiscais (é a chamada Guerra Fiscal), viabilizando
a instalação de indústrias na regam. Quanto menor a
região, mais fácil se torna a comunicação e as
parcerias com os Governos estaduais, o que não ocorre em São
Paulo.
É claro que estas
regiões emergentes apresentam uma base menor, mas ainda assim, as empresas
de embalagem cresceram no ano passado mais que 5%. Trata-se de regiões
com grande potencial. A qualificação profissional é
bem menor, porém o custo de formação é mais barato
do que aplicar isto na região sudeste, onde foram criadas grandes
limitações devido a ações sindicais.
Os sindicatos dos trabalhadores se enfraqueceram ,
atualmente, mas por força da Lei, não se reduz salários
em troca de benefícios como a formação profissional.
Ao longo dos anos foram acrescidos tantos benefícios e vantagens,
que não dá para comparar a folha de pagamento do norte e nordeste
com o que é pago em São Paulo. Mesmo pagando-se pelo treinamento
do funcionário nas outras regiões, o custo ainda torna-se muito
mais baixo do que o menor salário pago em São Paulo.
Em termos de qualidade e preço,
o Brasil encontra-se apto para exportar suas embalagens ?
O custo dentro da fábrica é idêntico
ao internacional, porém o montante de impostos, as taxas rodoviárias
e portuárias, acrescidas aos nossos produtos torna impraticável
a exportação. Mesmo assim, algumas empresas ousam vender para
o exterior, com margem de lucro menor.
No Brasil, no setor de embalagens flexíveis,
tem-se empresas com um grande potencial de exportação para
a América Latina
Como foi a evolução das
indústria de embalagem no Brasil nos últimos anos ?
No Mercosul, o Uruguai , onde a principal atividade
econômica é a produção de frutas, é um
emergente comprador de embalagens. O fortalecimento do Mercosul causa impactos
favoráveis às atividades comerciais do país, tornando-o
cada vez mais atraente para as empresas de diferentes partes do mundo.
O Mercosul (Mercado Comum do Sul), é um processo
cuja viabilização se sustenta em três pontos : globalização
e regionalização da economia; decisão política
dos governos de criarem, na área, um projeto estruturado na regionalização,
e determinação de uma nova orientação da economia,
visando estabilidade e um efetivo programa de abertura econômica.
Há que se considerar que no caso do Brasil/Argentina, os interesses são divergentes. Enquanto os argentinos exportam
9% de sua produção total para o Brasil, a Argentina absorve
apenas 3% das exportações brasileiras.
Em um nível mais global, o principal entrave
é que os brasileiros encaram o Mercosul com um investimento a longo
prazo, enquanto os empresários dos outros países envolvidos
no projeto, apostam num investimento com resultados imediatos.
Fonte: http://www.furg.br/portaldeembalagens
|